Vitorino José
Para que possamos fazer um estudo sobre a mediunidade dos animais, é preciso, primeiro, definir se os animais tem ou não uma alma.
O conhecimento humano em torno de si mesmo e das coisas que o rodeiam vem se desenvolvendo, graças à Deus, de forma rápida dando-nos uma evolução intelectual nestes últimos séculos jamais vista em toda a história da humanidade. Por isso, nesse momento é interessante destacar-mos uma reportagem intitulada "As Mulheres têm alma?", da Revista Espírita, janeiro de 1866.
Na oportunidade Kardec analisa o conceito ainda reinante na época, em algumas sociedades menos adiantadas, de que as mulheres não tinham alma e mostra a visão da Doutrina sobre esta questão. Hoje em dia, qualquer pessoa, em qualquer lugar, que diga que as mulheres não tem alma, são chamados, no mínimo de louco, ignorante ou coisa que o valha.
No futuro, quem sabe, ficaremos igualmente horrorizados quando o assunto for a alma dos animais.
Kardec, no Livro dos Espíritos, nas perguntas 597, 597a e 598, nos esclarece que os animais possuem uma alma. SIM! OS ANIMAIS TEM ALMA!
Ao afirmar isto, alguém pode logo imaginar que não é verdade, pois não aceitam que os animais possuam uma alma igual aos homens. E estão certos porque a alma dos animais é diferente das dos homens em função da evolução espiritual que os separam. A dos animais é sempre inferior. Mas, sobrevive a morte do corpo; mantêm a sua individualidade embora não possua a consciência de si mesma.
Com base nisto, os mais apressados podem imaginar: "- Então, os animais, uma vez desencarnados, vivem na espiritualidade junto com os homens desencarnados, tornando-se assim espíritos errantes .."
Cuidado!
A alma do animal pode sobreviver e manter sua individualidade após a morte do corpo, mas daí a chamá-los espíritos errantes vai muita distância.
O termo "errante" significa "nômade, sem residência fixa"; enquanto "errar" significa "vaguear". Já o termo "erraticidade" significa "estado dos espíritos durante o intervalo de suas encarnações". Na pergunta 600 do Livro dos Espíritos, nos esclarece que o animal vive numa espécie de erraticidade, mas não é um espírito errante porque não possuem a consciência de si mesmo e, portanto, não pensam e agem por sua livre vontade, como os homens.
Da Evolução e do Sofrimento dos Animais
A parte do animal que sobrevive a morte do corpo, e mantém sua individualidade, é o Princípio Inteligente, e como tal, está sujeito à evolução rumo à perfeição que aguarda a todos os Espíritos.
Desta forma, o Princípio Inteligente estagia entre os animais para obter a evolução esperada. Nos mundos superiores à Terra, os animais, ainda inferiores ao homem, são mais evoluídos e auxiliam os homens em tarefas mais complexas que as executadas nos dias de hoje. O processo evolutivo do animal não está subordinado ao livre arbítrio, pois os animais, não possuindo a consciência, tem a sua liberdade condicionada aos instintos de sobrevivência e procriação. Desta forma, seu progresso é conseguido pela própria força das coisas. Em outras palavras, vivendo e aprendendo, simplesmente.
Às vezes ouvimos alguém falar do carma dos animais, alegando que seus sofrimentos são conseqüências de faltas passadas.
Este conceito não é exato, segundo a visão da Doutrina Espírita.
O Animal, não tendo consciência de seus atos, não pode responder pelos seus atos. Não tendo o que espiar, pergunta-se porque sofrem.
A questão do sofrimento, mesmo o humano, precisa ser bem entendido. Quando vemos uma pessoa passando por forte dores, sejam físicas oumorais, logo aparece um espírita dizendo que ele sofre pelos crimes cometidos em vidas passadas. Embora possa ser verdade, como é que podemos imputar erros de um passado tão distante, quando nem sequer conhecemos o nosso próprio?
Quando, num dia de frio intenso, lá pelas 06:30 h da manhã, a mamãe, morrendo de pena de seu filhinho, o acorda de um sono gostoso, tira-o de uma cama quentinha, e o obriga a sair para a escola, aprender as letras e as ciências, não está impondo um sofrimento à criança? Que mal fez esta criança para sofrer tal peso? Não fez mal nenhum! Simplesmente a criança precisa aprender, precisa ir à escola ...
Outro exemplo, é quando olhando para a cara do médico, lá no consultório, e não gostamos dele porque ele não examinou esta ou aquela particularidade que julgamos necessário. Criticamos o médico, e saímos falando mal dele. Não paramos para pensar o quanto esta pessoa sofreu para obter o diploma. Quantas noites mal dormidas, quantas festas abandonadas, quantas reuniões, tudo ... tudo ... pelo diploma para que depois um paciente sentar-se em sua frente para dizer que ele é mau médico por não viu isto ou aquilo, que nem era importante ... isto não é sofrimento? E o que o médico fez para sofrer isto? Algum crime hediondo em sua vida passada? Claro que não!
Desta forma, as dores desta vida, nem sempre são causadas por erros passados ou presentes, mas pode ser uma necessidade de aprendizado.
Tal é o que ocorre com os animais, que sofrem sem estarem respondendo por crimes que hajam cometido. Sofrem, pois seus progresso é compulsório, e independe da vontade deles.
Da Inteligência dos Animais
Definidos a alma e a evolução dos animais, resta sabermos se ele tem ou não inteligência.
Novamente nos baseamos no Livro dos Espíritos para afirmar que sim, eles tem inteligência.
O que não se pode confundir, nem querer, é que a inteligência dos animais seja igual a dos homens. Neles, a inteligência ainda está em estado latente. Não podendo ainda se manifestar livremente, o que encontramos são rudimentos de inteligência.
Kardec chama nossa atenção para o fato de que o comportamento das espécies são sempre os mesmos, em todas as fases do progresso humano. Os cães ladram como ladravam na época de Cristo, ou antes dele. Enfim, todos os comportamentos são sempre os mesmos, sem diferença. No entanto, não se pode negar uma certa dose de inteligência na atitude do tigre, quando espreita sua vítima. Ronda cautelosamente, pacientemente aguarda, e no momento mais oportuno, ataca ...
A inteligência dos animais pode ser estimulada e, por uma ação humana, apresentar certo comportamento que denota uma inteligência melhorada. Mas, basta cessar a ação dos homens, os animais retornam à condição anterior.
Os cientistas Roger Fouts e o casal Gardner ensinaram à uma macaca 134 sinais da linguagem dos surdos mudos. Por meio destes sinais, era possível uma comunicação com a chimpanzé, que também transmitiu estes sinais aos seus filhotes.
Em 1890, o Sr. Wilhelm von Osten percebeu sinais de inteligência em seu cavalo suíço, de nome Hans. Depois de muita paciência, o cavalo, diante de duas pranchas colocadas à sua frente, batia com a pata direita para indicar as unidades, e com o esquerdo indicava as dezenas. Hans também aprendeu a ler o alemão e a indicar dados dias da semana corrente.
E não foi só. Em 1912 o comerciante Krall Elberfeld ensinou seus cavalos Mohamed e Zarif e fazer coisas semelhantes. Mas foram além de simples contas matemáticas. Sabiam extrair a raiz quadrada, e Mohamed podia extrair raiz cúbica. Eis uma equação resolvida por Mohamed:
(3 x 4) + V36
3
Gabriel Delanne relata de forma detalhada o caso dos cavalos matemáticos, e outros, no livro "A Reencarnação".
A Mediunidade dos Animais
Ernesto Bozzano, em seu livro "Os Animais Tem Alma?" descreve com detalhes 130 casos de manifestação de/com animais. Estes casos foram divididos em 8 categorias:
Os animais, possuindo uma alma que sobrevive a morte do corpo e mantém sua individualidade, em certas ocasiões, como vimos, podem manifestar-se, ou perceber manifestações do mundo espiritual.
No entanto, os fluidos necessários à produção de um fenômeno mediúnico são fluidos de natureza humana, incompatível com a dos animais.
Um espírito, para produzir um fenômeno qualquer, por exemplo o de movimentação de objetos, combina uma parte de seu fluido de natureza espiritual com o fluido de natureza materializada, característica do encarnado, e com esta mistura envolve o objeto que é interpenetrado e, assim, conseque repelir ou atrair o objeto. Com os animais isto não será possível por causa da incompatibilidade da natureza de seus fluidos.
Por outro lado, a palavra "médium" implica numa capacidade de alquém servir de intermediário entre o desencarnado e o encarnado. Este que se coloca como médium é uma espécie de intérprete, ou se preferir, tradutor dos espíritos.
Os animais, mesmo possuindo alguma espécie de relacionamento com o mundo espiritual não possuem a capacidade de entender e se comunicar pelos mesmos meios que os humanos.
Desta forma, os animais não podem ser usados como médiuns, não podem ser mediunizados e não podem ser considerados como médiuns.
Se eles tem ou não uma mediunidade, é algo para se discutir.
Quando um animal se espanta diante de algo que não vemos, vulgarmente dizemos que o animal viu alguma coisa. Mas, pensemos um pouco: como é que sabemos que do animal "viu" alguma coisa se animal não fala e, portanto, não contou para ninguém o que aconteceu?
Com tudo isto, afirmar que os animais tem mediunidade é uma atitude muito arriscada. Mais prudente seria afirmar que os animais possuem uma percepção do mundo espiritual.
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