Rafael Perez
A mediunidade não é privilegio da atualidade.
A faculdade mediúnica sempre existiu desde o surgimento do homem na face da Terra, pois se trata de uma faculdade inerente ao seu espírito.
No Egito antigo, os magos dos faraós já evocavam os mortos, e com este suposto privilegio de dominar tais fenômenos os magos comercializavam o uso de tais manifestações.
A mediunidade nesta época era estudada e praticada dentro dos templos religiosos onde apenas os sacerdotes do Egito tinham acesso, estando fora do alcance das classes mais baixas, por isso não foi muito difundida esta pratica, a cerimônia de inclusão nestes templos incluía a obrigação de fazer um juramento de sigilo absoluto, o desrespeito ao juramento era punível com a vida.
Neste mesmo período, em outro local do Império Romano, por meios mais difundidos, o homem atraído pela curiosidade ou suposta necessidade, se utilizava de métodos de adivinhação através de locais chamados Oráculos, núcleos de intercambio "mediúnico" onde trabalhavam sibilas, Pítons e Pitonisas, pessoas que atualmente chamaríamos de médiuns. Todas as classes sociais tinham acesso às consultas, mediante pagamento, e após passar por determinados rituais, diferentes em cada Oráculo. Faziam perguntas do interesse intimo de cada um e que logo seriam respondidas pelos Deuses.
O mais famoso oráculo da antiguidade foi o santuário de Apolo em Delfos, localizado nas encostas do monte Parnaso, no golfo de Corinto, na Grécia. Embora sua existência já fosse conhecida por Homero, sua fama só se difundiu entre as comunidades helênicas nos séculos VII e VI a.c, quando começou a ser consultado por legisladores e chefes militares.
Na Grécia destacavam mais o Oráculo de Zeus em Dodona, no noroeste, o oráculo de Epidauro, com o deus Asclépio, e o oráculo de Anficléia, com o deus Dioniso. Os oráculos sibilinos consistiam em profecias realizadas por mulheres chamadas sibilas. As mais famosas eram a de Eritréia e a de Cumas.
Este comércio levou à proibição de Moisés aos hebreus: "Que entre nós ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade" (Deuterônimo).
Na Bíblia se encontram inúmeros casos de manifestações hoje chamadas mediúnicas, como a vidência, a adivinhação do futuro pelos profetas, as múltiplas manifestações de xenoglossia (como as ocorridas no dia de pentecostes), os oradores inspirados, as curas por imposição das mãos feita pelos apóstolos, as vidências de João que o inspiraram a escrever o apocalipse etc.
Um caso de escrita direta é relatado por Daniel (5:5), ao afirmar que, "Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam defronte ao castiçal, na estucada parede do palácio real; e o rei via os movimentos da mão que estava escrevendo".
Há também os casos de levitação. O que se dá é que os espíritos operantes envolvem a pessoa ou coisa a levitar em fluidos, isolando-os, assim, do ambiente físico. A ação do espírito sobre o material a levitar se realiza pela utilização das suas próprias mãos, convenientemente materializadas ou condensadas. Ezequiel (3:14) diz: "Então o espírito me levantou e me levou; e eu me fui mui triste, no ardor do meu espírito; mas a mão do Senhor era forte sobre mim". O mesmo Ezequiel (8:2,3) afirma: "E olhei, e eis uma semelhança como aparência de fogo; desde a aparência dos seus lombos, e para baixo, era fogo; e dos seus lombos para cima como aspecto de um resplendor, como cor de âmbar. E estendeu a forma de uma mão, e me tomou pelos cabelos da minha cabeça; e o espírito me levantou entre a terra e o céu, e me trouxe a Jerusalém em visões de Deus...".
A vidência é exemplificada por Daniel (8:15), onde conta: "...havendo eu, Daniel, visto a visão, busquei entendê-la e eis que se me apresentou diante uma como semelhança de homem". O mesmo Daniel (10:5) afirma: "E levantei os meus olhos e olhei, e vi um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz".
Como afirmado no inicio a mediunidade não é um fato novo, e não é imputado ao espiritismo como o criador da mediunidade. Já há muito tempo se relatam casos de manifestações.
Um dos primeiros produtores e estudioso de fenômenos "mediúnicos" foi Emmanuel Swedenborg, nascido em Estocolmo, a 29 de janeiro de 1688 tendo morrido em 29 de março de 1772. Em 1692 (o jovem Emanuel estava com quatro anos), seus pais se mudaram para Upsala, onde Jesper seu pai foi nomeado professor de Teologia e Reitor da grande Universidade de Upsala. Aos 8 anos de idade, o menino perde a mãe, Sarah. Jesper se casa novamente com outra Sara (Sara Bergia) e esta foi madrasta muito bondosa para com os enteados, incluindo o menino Emmanuel. Ela era, também, muito rica, deixando para ele uma grande fortuna, especialmente sociedades em indústrias de mineração, por isso se formou em Engenharia de Mineração. Durante a vida deste medium diversas ocorrências demonstraram as habilidades consideradas mediúnicas, todas analisadas por Immanuel Kant. Em sua primeira visão, Swedenborg fala de "uma espécie de vapor que se exalava dos poros do meu corpo. Era um vapor aquoso muito visível e caía no chão sobre o tapete". Tal descrição corresponde àquilo que posteriormente o espiritismo veio caracterizar de ectoplasma, substância produzida pelos médiuns em todos os fenômenos ditos de efeitos físicos. Dentre as habilidades mediúnicas de Swedenborg, além de clarividencia (em estado sonambúlico), videncia e fenomenos auditivos, era também médium de efeitos físicos.
Posteriormente outro personagem destas manifestações foi Andrew Jackson Davis nascido em Nova York em 11 de agosto de 1926 e morrido em Janeiro de 1910. Relatemos apenas um curioso caso de levitação, um dos fenomenos ocorridos naquela época e caracterizado ainda como sobrenatural. Na tarde de março de 1944, Davis afirmou ter sido inesperadamente envolvido por uma força que o fez levitar e o teria conduzido em uma rápida jornada, em um estado de semi-transe, de Poughkeepsie até às montanhas de Catskill, que ficava a 60Km de distância. Lá, Davis teria se encontrado com dois anciões, que ele identificou como sendo o filósofo e médico grego Cláudio Galeno e o místico sueco Emanuel Swedenborg, que lhe ministraram conhecimentos em medicina e filosofia moral. Segundo Davis, essa experiência havia lhe possibilitado uma grande iluminação intelectual.
Outro relato importante destes fatos ao longo dos anos foi a do dia 31 de março de 1848. A data faz referência ao conhecido episodio da cidade de Hydesville em Nova York, Estados Unidos, na residência da família FOX,onde começaram a acontecer fenômenos físicos, com ruídos e batidas pela casa toda, hora batidas, hora moveis que se moviam. Na noite deste dia a filha mais nova Kate descobriu um meio de entrar em contato com a entidade batedora, através de batidas e palmas estreitando uma possível comunicação.
Os fenômenos que causaram muito preconceito por toda região na época posteriormente se alastrou pelo velho continente, causando grande estarrecimento, levando grandes estudiosos que, não se deixando dominar pela curiosidade e tão pouco para se entreterem, passaram a estudar e catalogar estes fenômenos.
Foi quando surgiu o espiritismo estudado por Kardec na França que culminou com o lançamento do primeiro livro da codificação o Livro dos Espíritos em 1857 na cidade de Paris, passando os fenômenos agora a espíritas e mediúnicos tendo uma nova abordagem, acabando com a era de obscuridade sobre o assunto.
A mediunidade deixou de lado as pitonisas, comercio dos sacerdotes, milagres, e os espetáculos sobrenaturais para ser praticada de forma consciente e estudada racionalmente sempre na companhia dos ensinamentos de Jesus.
O espiritismo ao longo dos anos, após sua criação teve grandes avanços e prosperou com a ajuda de ilustres estudiosos no assunto, como Gabriel Delanne, Leon Denis, Cammille Flammarion e, modernamente, Chico Xavier.
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