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Farol do Caminho
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Todos os artigos
  1. A caridade material e a caridade moral
  2. A coragem da fé
  3. A eclosão da mediunidade
  4. A fé que transporta montanhas
  5. Ajuda-te e o Céu te ajudará
  6. Amar ao próximo como a si mesmo
  7. A mediunidade dos animais
  8. A mediunidade na história
  9. A mulher na história
  10. A quem muito foi dado, muito será cobrado
  11. A Simbologia da Páscoa
  12. Bem aventurados os aflitos
  13. Buscai e achareis
  14. Comunicação mediúnica
  15. Desenvolvimento mediúnico
  16. Determinismo e Livre Arbítrio
  17. Finados
  18. Fora da caridade não há salvação
  19. Há muitas moradas na casa do Pai
  20. Jesus no lar
  21. Lavar as mãos
  22. Mundos Superiores e mundos inferiores
  23. Natal
  24. Não separar o que Deus juntou
  25. Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo
  26. O amor ao próximo
  27. O Cristo Consolador
  28. O Diabo - Uma breve visão do Maligno
  29. O tríplice aspecto do Espiritismo
  30. O jugo leve
  31. Retorno a vida corporal

Fora da Caridade não há Salvação

Vitorino José

Este trecho do Evangelho é parte do sermão Profético. Na verdade, é a última parte deste sermão.

Jesus havia censurado os escribas e os fariseus por causa do seu comportamento, numa pregação publica. Foi quando profetizou que o templo de Jerusalém não ficaria pedra sobre pedra.

Mais tarde, no morro das Oliveiras, seus discípulos o questionaram sobre isto e Jesus falou-lhes de coisas que iriam acontecer e também os orientou sobre como deveriam se comportar. Disse algumas parábolas, falou sobre os falsos profetas que virão em Seu nome. Estavam a dois dias da Páscoa judaica em cuja noite Jesus seria preso.

Quem desejar, pode conhecer a íntegra deste Sermão em Mateus capítulos 24 e 25.

Por ora, a parte que nos interessa diz respeito à última orientação de Jesus que, falando por alegorias nos disse da importância de se praticar a caridade. Atribuiu-lhe tamanha importância que não a colocou como uma das condições, ou a condição mais importante para a salvação, mas colocou-a como a única condição.

Por isso mesmo a caridade praticada nos moldes ensinados por Jesus é a nossa garantia de salvação.

Mas falar assim é fácil. Difícil mesmo é praticar. Afinal, a caridade envolve tantas coisas, tantas situações que a gente até se confunde. Podemos dividi-la em dois grupos: a caridade material e a caridade moral ou se desejarem, a caridade beneficente e a caridade benevolente.

Muitos espíritas acham que tem muito mais valor uma palavra de consolo, de arrimo, um ombro amigo que saiba ouvir e secar lágrimas do que a caridade amoedada. Isto pode ser verdade desde que a aflição seja moral porque se o socorrido estiver aflito por questões materiais, como a fome, o frio ou mesmo a doença, a palavra confortante terá pouco ou nenhum efeito sobre o aflito.

Por isso mesmo o exercício da caridade requer um ingrediente especial: o discernimento.

Quando falamos em caridade material inevitavelmente caímos na confusa questão das esmolas. Afinal, devemos ou não dar esmolas?

Algumas pessoas acham que devemos dar esmolas a quem pede alegando que o que vale na esmola é o sentimento de caridade de quem a dá; ficando por conta de quem a recebe a responsabilidade de como usufruir o benefício alcançado.

Em 1.858(1) o espírito de São Vicente de Paulo, discorrendo sobre este tipo de caridade nos fala da postura espontânea e caridosa de quem dá a esmola. Depois, para elucidar melhor o assunto, Kardec fez nove perguntas ao espírito dando maior claridade ao tema. A partir daí podemos entender melhor como deve funcionar a esmola.

A segunda pergunta de Kardec responde diretamente esta questão. Vejamos:

2 - Dissestes que deveríamos deixar à justiça de Deus a apreciação de falsa miséria. Entretanto, afigura-se-nos que dar sem discernimento àqueles que não necessitam ou que poderiam ganhar a vida por um trabalho honesto, é encorajar o vício e a preguiça. Se os preguiçosos achassem facilmente aberta a bolsa alheia, multiplicar-se-iam ao infinito, em prejuízo dos verdadeiramente necessitados.

Vejamos a resposta:

- Podeis discernir os que podem trabalhar e então a caridade vos obriga a tudo fazer para lhes proporcionar trabalho. Entretanto, também há pobres mentirosos, que sabem muito bem simular misérias que não padecem. Estes é que devem ser deixados à justiça Divina.

Entendemos então que existem pessoas em condições reais de necessidade, que realmente precisam da esmola para poder viver. Mas existem outras pessoas que são preguiçosas e não querem trabalhar. Devemos usar o discernimento para poder socorrer, pois dar esmolas sem este discernimento pode ser um ato de incentivo à preguiça, ao abuso e um prejuízo a quem realmente necessita. Também existem pessoas que não necessitam da esmola, mas são tão espertas que podem mesmo nos enganar e podemos dar uma esmola este alguém. São estes que devemos entregar à justiça Divina e não ficarmos arrependidos ou ofendidos por termos sidos enganados.

Na sociedade moderna os apelos para usarmos corretamente a esmola são muitos diferentes . Várias casas de caridade vêm a público expor suas necessidades, pedindo auxílio da população em favor daqueles que atendem. Os órgãos de imprensa noticiam, infelizmente com certa freqüência, as casas de caridade pública que não são usadas para os objetivos da caridade.

Também é noticiada com freqüência a exploração de menores. As crianças são usadas para comover as pessoas e obter um lucro maior. Por isso encontramos tantos adultos ao lado de crianças pequenas ou de colo pedindo esmolas. Quando não são as próprias crianças que estão vendendo alguma coisa. Por detrás de cada criança nesta situação existirá sempre um adulto se beneficiando das esmolas e ajudas.

Quem anda no metrô de São Paulo deve ter ouvido, nem que de vez em quando, uma mensagem pública alertando as pessoas para não darem esmolas nos trens e se quiserem dar esmola, para procurarem entidades da sua confiança.

Um aspecto muito positivo da esmola é que este tipo de doação, quando feito com discernimento e com o coração por amor àquele que recebe não tem qualquer reconhecimento ou recompensa. Quem dá esmolas com este sentimento o faz com grandeza de coração.

Os mesmos cuidados que damos à esmola devemos dar a toda ajuda material que dispusermos.

A caridade benevolente refere-se a toda atitude que tomamos para facilitar, consolar, amparar e estimular uma pessoa à bem suportar seus sofrimentos ou buscar uma saída para seu próprio problema.

Neste assunto, como na caridade beneficente devemos usar de muito discernimento para não agravarmos a situação de quem nos procura. Nosso orgulho muita vez nos faz fazer e falar coisas que não ajudam em nada. Uma delas é o hábito que temos de sentir dó e exibimos o quanto nos dá dó ver a pessoa sofrendo daquele jeito.

Longe estamos de imaginar que alguém aqui tem o hábito de, ao ouvir a descrição de um sofrimento, botar as mãos no rosto e dizer com cara de piedade "Ah! Meu Deus! Pobrezinho! Que problema!".

Por isso mesmo a pessoa que pretende consolar alguém deve usar de um sentimento muito importante e sério nesta situação: o respeito.

Devemos respeitar sempre quem está sofrendo porque o sofrimento faz parte da nossa vida tanto quanto faz parte da vida de todos. Ao longo da nossa vida invertemos nossos papéis constantemente. Ora somos os consoladores ora somos os consolados; ora ajudamos quem sofre, ora somos nós que estamos em padecimentos.

Também devemos usar de palavras verdadeiras e não tentar consolar usando de estímulo um comportamento que nós mesmos não faríamos. Dizer para quem sofre fazer alguma coisa que sabemos ser impossível, não adianta nada. Também devemos consolar falando coisas compreensíveis ao coração e à mente do sofredor. Não devemos ficar em divagações filosóficas porque filosofia orienta, mas nem sempre consola.

Nem devemos nos esquecer que muitas vezes nossas palavras não são necessárias para consolar. Basta o ouvido. Às vezes estamos com um problema qualquer e precisamos apenas desabafar, falar, contar para alguém o que vai no nosso coração e no nosso pensamento, "Botar pra fora". Ás vezes com raiva e nervosismo.

A caridade benevolente não se limita ao consolo aos sofredores de ordem moral. Quando deixamos nosso lar, nosso aconchego para visitar pessoas doentes, por exemplo, estamos de uma certa forma nos sacrificando pelo bem do nosso semelhante. E isso não envolve dinheiro e nenhuma questão de ordem material.

Deixar o conforto do lar, ou mesmo dentro dele, para orar pelos mortos, também é um exemplo de caridade.

No entanto estas atitudes podem não ser de grande valia para quem as pratica se o faz com sentimento contrário a caridade. Orgulhosamente.

Não é raro encontrarmos o orgulho na atitude das pessoas que praticam a caridade. Geralmente as pessoas se julgam "salvas". Como Jesus colocou a caridade como única condição de salvação, a pessoa orgulhosa pratica a caridade com a intenção de obter a salvação para si, mesmo que os outros não se salvem. E acham que porque praticam a caridade com "ar de superioridade" estão salvas e se sentem mais importantes do que as pessoas que sofrem ou as que não praticam a caridade.

Para estes o prêmio é quase sempre a decepção como conseqüência de sua própria incapacidade de amar e sentir.

Geralmente quando nos deparamos com uma frase do tipo "Você diz isso porque não é você que está passando pelo estou passando. Queria ver você no meu lugar, o que faria"?. Nunca esperamos coisa assim e não estamos preparados para isto. Talvez porque nosso orgulho não nos deixou preparados.

Diante de uma situação dessa, devemos apelar para um sentimento que deve andar de mãos dadas com a caridade: a humildade.

Se não formos humildes não conseguiremos ajudar ninguém. Quanto maior o orgulho, menor a humildade e menor nossa capacidade de socorrer.

A pessoa que diz uma frase como aquela está passando por uma situação muito grave e espera, sinceramente que alguém a ajude. Geralmente não deseja que ninguém assuma seu papel, que tire dele e passe para si os seus problemas. Quer apenas uma orientação, algo que o faça ter fé e paciência. E o nosso orgulho pode por tudo a perder.

Bastaria que respondêssemos que faríamos tudo exatamente como ele faz, ou talvez pior. Devemos elogiar seu comportamento porque, de fato não sabemos como reagiríamos, mas devemos lembrá-lo que Deus ajuda a criatura através da própria criatura e que devemos numa hora destas pedir ao Pai que nos traga uma pessoa que não esteja passando pelo nosso problema para nos dizer o que precisamos ouvir e não temos condições de buscar por nós mesmos.

Pronto! Humildade.

Para que nosso orgulho não atrapalhe nossos atos caridosos devemos exercitar a humildade. Humildade em saber que não somos perfeitos; que ainda erramos e erramos muito; que se hoje vivo sorrindo amanhã posso estar chorando; que vivemos em sociedade justamente para que nos auxiliemos uns aos outros. Se hoje estou em posição de auxiliar alguém é porque amanhã precisarei de auxílio.

Humildade em saber que somos maus e por isso fazemos coisas más. Saber que aquele que cometeu um erro, que para nós é terrível é digno de nosso auxílio porque outra coisa não fez a não ser optar pelo caminho do sofrimento para poder aprender a amar. Foi uma opção tão má quanto qualquer outra opção que nós mesmos tomamos.

Não somos melhores nem piores do que ninguém. Somos simplesmente espíritos em caminhada evolutiva ocupando no momento o estágio do sofrimento como forma de aprendizado. É isso! Nem mais, nem menos.

Em todos os tempos o orgulho e o egoísmo sempre foi o maior empecilho para a prática da caridade.

Existem orgulhos de todos os tipos. Os de classe social, classe cultural, raça, nacionalidade e religioso.

Em nenhum momento Jesus se refere a qualquer um desses grupos como condição para a salvação. É curioso, no entanto como as pessoas diferenciam os religiosos deste ou daquele grupo religioso.

Será que só os espíritas praticam a verdadeira caridade e por isso só os espíritas serão salvos? Ou serão apenas os que freqüentam a igreja que frequento? E as pessoas que não praticam qualquer religião, nunca serão salvas?

A prática da caridade não está vinculada a qualquer religião. Mesmo uma pessoa que nunca praticou ou mesmo freqüentou qualquer agrupamento religioso pode praticar a verdadeira caridade e ser salva.

No livro "Voltei" do espírito Irmão Jacob há uma passagem muito interessante.

Logo após seu desencarne, enquanto aguardava os companheiros para seguir viagem rumo à cidade da espiritualidade observou uma senhora que resplandecia bela luz e questionou seu orientador. Surpreso, ficou sabendo tratar-se de uma senhora que foi professora primária toda a sua vida, mas que dedicara tamanho amor às "suas crianças" que adquiriu uma elevação que a colocava na condição de um espírito evoluído. Qual a sua religião? Ninguém sabia... Nem mesmo os desencarnados que a acompanhavam. Podemos afirmar que sua religião era a caridade e o amor ao próximo.

Para melhor compreender a caridade, vamos aprender com Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios (ler 13º. Capítulo da Epístola aos Coríntios).

Creio ser esta a mais completa definição de caridade. Existem outras muito boas e algumas excelentes podem ser encontradas na Revista Espírita.


1 - Revista Espírita - Agosto de 1.858.
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