Maria Inácia
Nós, que procuramos conhecer um pouco da Doutrina Espírita, sentimos uma profunda tristeza, quando vemos pessoas assim se expressarem: Eu não sei que mal eu fiz a Deus, para sofrer tanto assim !, tudo o que tenho feito nesta vida é trabalhar, trabalhar..., sou honesto, sou bom pai, porém comigo nada dá certo, tudo se volta contra mim, enquanto fulano, que leva uma vida toda desonesta, toda voltada para a maldade, não sofre a milésima parte do estou sofrendo ! Ah! Deus, fazei com que a morte venha logo me buscar, só assim tudo isso terá um fim, todo esse meu sofrimento acabará com a morte!
Pessoas assim, não compreenderam ainda, o verdadeiro significado da vida, todos nós vivemos nossas emoções, nossas dores, nossos sentimentos, isto é certo e verdadeiro, tão certo e verdadeiro que também morremos. Mas, de que nos serviriam todos nossos desejos de felicidade, todo nosso esforço, o cuidado com nossa saúde, o nosso progresso intelectual, que dizer então das nossas afeições mais caras? Enfim de tudo, se de um instante para outro tudo estaria perdido, tudo acabado, qualquer coisa que tivéssemos feito em benefício do nosso progresso, de nada nos serviria? Nada mais triste, nada mais terrível, nada mais desesperador, do que a ideia do nada. Se acreditássemos que, tudo se acaba com a morte do corpo, concentraríamos todos nossos desejos somente na vida presente. Porque nos preocuparíamos com um futuro que não existe? A nossa preocupação seria exclusivamente, na vida presente, que nos levaria a pensar unicamente em nós mesmos, aproveitar tudo o que pudéssemos, aproveitar de qualquer maneira, e aproveitar rápido, pois não sabemos quanto tempo teremos, é cada um por si, a felicidade neste mundo é do mais esperto, do mais astuto.
Pessoas há, que admitem, que, vivemos atualmente, pela primeira e ultima vez, que deixando o corpo físico tudo se acaba com ele, outros ainda, de que os bons ganharão o Reino de Deus, e os maus o utópico inferno, Meu Deus !, e uma mãe , que tendo um só de seus filhos, condenado eternamente as duras penas do inferno, será que essa mãe, mesmo merecendo o Reino dos Céus, conseguira ter alegria em seu coração, tendo seu filho amada sem esperanças? Difícil não é mesmo?... Porém, não condenamos ninguém por assim acreditarem, todos nós, temos o livre-arbítrio, isto é o direito e a liberdade de aceitarmos aquilo que nos convém. Mas, em linhas gerais todos acreditamos na Justiça e Bondade Divina!
Mas como explicar essa Justiça e esse Amor, se somos todos filhos de Deus, criados com os mesmos direitos, com o mesmo amor, porque a uns é dado a fortuna e a saúde, durante toda uma existência, e a outros a miséria e a doença porque a uns é dado a inteligência e a outros um cérebro deficiente, porque a uns corpos perfeitos bonitos e a outros a deformidade física, os aleijados, porque algumas crianças morrem ainda com poucos anos de vida, outras morrem até mesmo antes de nascer, e a outros é dado até mesmo mais de cem anos? Porque para alguns o direito de casas suntuosas e a outros, pontes e viadutos a lhes servirem de abrigos? Porque tantas qualidades morais admiráveis junto a tantos vícios e defeitos?, Porque nasce um Francisco de Assis, personificação do Amor, e um Átila rei da maldade? Porque apareceu na Alemanha um Hitler e na Índia um Gandhi?, e os porquês são infinitos.
Se a nossa vida, começa somente com o nascimento terrestre, se, antes nada existia, como nada existira depois da morte física, para cada um de nós, bobagem então procurar explicações para tão grandes anomalias.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap. IV itens 5 e 6, encontramos Jesus, respondendo a Nicodemos, doutor da Lei, como deveria fazer para entrar no Reino do Céu, assim se expressou "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus", em outro trecho, encontramos Jesus , afirmando, categoricamente, que João Batista era o Espírito de Elias reencarnado: "Se vós quereis bem compreender, João Batista é o Elias que há de vir". Elias já esteve entre vós, e não o reconheceram!
Jesus , afirmou a reencarnação de João Batista, podemos entender então, que reencarnação não é coisa de agora, que não foi inventada pela Doutrina Espírita, nem por ninguém, reencarnação é Lei de Deus, temos ai as respostas para tantos "porquês".
Deus nos cria, não em forma humana, não com um corpo físico que, por melhor que possa nos parecer, é muito imperfeito e morre com o tempo. Somo criados em forma de Espíritos, simples e ignorantes, mas com potencialidade a serem desenvolvidas, que através do progresso adquirido em encarnações, os bons ficarão sendo melhores ainda, e os mau se tornarão bons. O Espírito é semelhante a um operário que empreita uma obra, e o corpo é o instrumento que ela usa para executar a obra. Se perde ou quebra a ferramenta, o operário adquiri outra ou outras ferramentas, até concluir a obra, o Espírito, quando o corpo morre, toma outro ou outros , quantos forem necessários para terminar a tarefa. Enquanto uns avançam rapidamente, outros vão mais devagar.
Então todo Espírito que se atrasa, na sua marcha evolutiva, não pode queixar-se senão de si mesmo, assim como aquele que se adianta tem mérito pelo seu esforço, nos lembrando da frase do Cristo : A cada um segundo suas obras.
Durante nossa vida terrena, cometemos acertos e erros. Se ajudamos muitas pessoas, certo é que prejudicamos tantas outras. Os prejuízos que causamos são muitos, desde um simples pensamento maldoso, até agressões violentas, ora , não podemos ter a pretensão que nossas agressões, nosso mau comportamento, passem desapercebidos perante a vida, sem sofrermos a Lei de Ação e Reação: por exemplo: se numa discussão agredimos o outro com um soco no rosto, com certeza vamos receber um ou um monte de socos de volta, por isso mesmo aquele ditado popular "Aqui se faz, aqui mesmo se paga", o que é verdadeiro.
Tudo aquilo que plantamos, nós colhemos isso também é certo e verdadeiro, mas como reparar nossos erros, se não existisse a reencarnação?, uma só existência corporal é insuficiente para resgatarmos todos nossos erros e adquirir todo o bem que nos falta, se hoje sou infeliz e tudo volta contra mim, é porque em outra ou outras vidas, também fiz com que pessoas fossem infelizes, se passamos hoje pela provação da riqueza material, talvez uma das mais difíceis, e nos desviamos devido as facilidades que o dinheiro proporciona, amanhã possivelmente, provavelmente passaremos pela provação da pobreza, para que possamos aprender a valorizar os talentos confiados a nós pela Misericórdia Divina, e assim por diante...
No intervalo das existências corporais o Espírito torna a entrar no mundo espiritual , onde é feliz ou infeliz segundo o bem ou o mal que fez, conservando os sentimentos e sensações, em alguns casos as sensações materiais são tão fortes que o desencarnado não percebe que morreu, O estado espiritual é o estado definitivo do Espírito e o corpo espiritual não morre, o estado corporal é transitório e passageiro, vamos nos lembrar do operário que empreitou a obra, é no estado espiritual que o espírito colhe os frutos do progresso da encarnação, e é também neste estado que se prepara para novas lutas.
Depois, de um certo tempo desencarnado, o espírito retorna à vida, retomando um outro corpo, que lhe é preparado e doado pelos pais, com as devidas autorizações e misericórdia Divina, a criança surge então no mundo, renasce para mais uma etapa na longa trajetória evolutiva, na qual resgatará seus antigos débitos, trazendo consigo, na sua bagagem espiritual, todas as suas boas e más qualidades , suas ,boas e más tendências. O reencarnado é um indivíduo com tendências várias, alguém que amou e foi amada, que sofreu e fez sofrer, e essas tendências precisam ser levadas em conta, com muito amor e respeito, para isso é que o espírito ao encarnar-se, como diz Kardec, reveste-se com a roupagem da inocência,, roupagem muito frágil, rompendo-se aqui e ali. Portanto, quando em nossa casa surge um lindo bebê, e começa a se desenvolver, o dever de todos os membros da família é auxiliá-lo na sua sociabilidade e não estimular o orgulho e o egoísmo.
Se a criança faz malcriações, fala palavrões, todos acham graça. Se ela bate, se exige, se não empresta e nem divide seus brinquedos, a família se encanta com a personalidade forte da criança. Logo aquele lindo bebe, se transforma num ser exigente, mais tarde em um adolescente difícil e por fim em um adulto insuportável, conservando assim todas suas tendências negativas e mais remontado com as da presente encarnação. Nesse particular, André Luiz, no seu livro "Libertação", nos informa que um espírito que ia reencarnar fez o seguinte pedido : Que os pais o educassem, que não o mimassem, que se lembrassem de que era um espírito eterno e m marcha evolutiva, e não um simples ser frágil destinado a enfeitar o mundo, o reencarnante, nos lembra ainda, de quanto nós dificultamos a evolução dos espíritos que voltam a terra, mimando-os, tornando-os seres indisciplinados e exigentes. Que a nossa educação faz da mulher, uma bonequinha mimada e do homem um ser egoísta. Daí a nossa responsabilidade na educação dos nossos filhos.
Neste vai e vem, ora no plano espiritual da vida, ora no plano material da vida, o espírito, aprende, evolui sucessivamente, e a terra é como escola e hospital , como escola tivemos toda uma oportunidade que desperdiçamos com nossos abusos. Como hospital, temos a terra como mais uma oportunidade, só que agora para reparar aquilo que nós mesmos causamos. Oportunidades !. Elas nos são dadas por Deus, o aproveitamento delas depende de nós!
A encarnação é necessária ao duplo progresso: moral e intelectual, ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho, ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si, o convívio com os outros, estamos sempre aprendendo, nos modificando e crescendo.
Muito bem, diriam alguns, tudo isso é muito bonito não resta dúvida, mas são palavras, só palavras, e poderão perguntar : "Se assim fosse certamente nos lembraríamos da nossa ou das nossas existências passadas ", ao que responderíamos com outra interrogação : "Nesta mesma existência, fomos alimentados, fomos amamentados no seio materno, e esse ato praticado por nós mesmos, acaso nos lembramos?". O esquecimento do passado, pela Misericórdia Divina, é necessário ao nosso bem estar presente, ao nosso progresso, nos permitindo ação mais livre e nos ajuda a passar pelas provas as quais nos submetemos com mais suavidade.
O perdão que Deus nos concede, é o esquecimento das faltas cometidas, se não houvesse esse esquecimento, viveríamos sobre dores terríveis dos crimes por nós praticados, porque com absoluta certeza os praticamos, dado a inferioridade em que todos nós nos achamos. Por acaso não é o remorso que nos causa dores terríveis?. Por isso, é que Deus, em seus altos
desígnios, não permite que recordemos de nossas existências passadas.
A Doutrina Espírita, nos traz a compreensão e o significado da vida, através da Lei da Reencarnação, nos traz esperanças, nos enche de fé, de tranqüilidade, pois sabemos, que teremos tantas oportunidades que precisarmos, nos conforta mostrando que não devemos desanimar e sim confiar, porque no passado já fomos muito piores, hoje estamos melhores, mas um dia......... seremos bons.
Que Jesus, nos ampare, hoje , agora e sempre.
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