Vitorino José
Quem conhece, pelo menos um pouco o Novo Testamento, ou o Evangelho Segundo o Espiritismo percebe que o amor é uma força interna da criatura que a eleva à patamares superiores da compreensão do ser humano e da construção da sua felicidade.
Ninguém é feliz sem amor.
Ninguém vive sem amor.
Portanto, ninguém deveria sofrer, embora não exista uma só criatura que não tenha amor por alguém ou mesmo por um objeto ou animal.
Amor. Esta palavra tão usada, tão falada, tão recomendada..., mas será igualmente bem entendida?
O que sabemos, realmente sobre o amor?
Normalmente categorizamos o amor em diversas formas:
E algumas vezes falamos do amor verdadeiro. Acho que o amor verdadeiro é aquele que, quando perguntamos ao outro (a): "-Você me ama de verdade? "; e ela (e) responde: "-Claro que sim! ". E nós acreditamos (???).
Mas o mais comum é confundirmos amor com sexo. Você já viu algum homem dizendo ao seu amigo que o ama? Se ouviu, o que pensou?
Afinal, de que tipo de Amor Jesus se referia? Amor aos inimigos? Nem pensar! Este, não conhecemos.
Com a nossa mente ainda presa a simples questões de ordem material, despreocupados com as questões espirituais da vida; vivemos amando conforme a conveniência. Disse-me um amigo, certa vez, que o casamento nada mais era do que um jogo de conveniência. Era conveniente para ele viver com aquela mulher; e a recíproca era verdadeira. Mero jogo de interesses.
Podemos resumir o amor a isso?
Olhando o comportamento da nossa sociedade atual, até dá para achar isso mesmo. É tanta separação.... Tanto casamento por vulgaridades que o amor fica esquecido.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, em vários capítulos encontramos várias explicações para o amor.
O Amor é um só. Não existe divisão, ou categorias de amor. É um engano pensar assim.
O que podemos categorizar é a maneira como manifestamos nosso amor. Na relação acima, algumas daquelas classificações podem servir. Mas estaremos classificando sua manifestação, e não o amor em si mesmo.
Numa família equilibrada, o mesmo amor que a mãe tem para com o filho; tem para com o marido; o marido, idem.
O amor é sempre o mesmo.
Mas ainda assim cometemos alguns erros:
Portanto, nosso amor torna-se possessivo. É meu e de mais ninguém.
Isto não é amor. É possessão. "Meu Marido"; "Minha Esposa"; "Meu Filho".
Como entender, então, o amor?
Segundo Divaldo Pereira Franco, no seu livro "Sexo e Consciência", o amor é uma via de mão única.
Isto significa que quem ama tudo faz, com tudo se importa, dá de si mesmo em favor do outro; mas não pede nem exige nada em troca. O amor não prende, liberta.
No caso do adultério o que houve não foi falta ou quebra do amor; houve quebra de confiança (fidelidade). Para que um relacionamento seja bem-sucedido é preciso que haja fidelidade. No adultério, esta fidelidade deixou de existir. Daí a separação tão comum nestes casos. Somos muito rigorosos na confiança que depositamos em alguém.
Mas, mesmo assim, o amor ainda existirá.
Se não existir, não era amor.
Se a pessoa, traído (a) e traidor (a) se odiarem é porque se amam.
O ódio não é o oposto do amor. O Ódio é um amor levado ao desequilíbrio.
Aliás, o oposto do amor é a indiferença.
Quando você olha para uma pessoa e não sente nada, nem preocupação, nem compaixão; mesmo que esta pessoa esteja vivendo alguma dificuldade (ou não) .... E você não sente nada; você está sendo indiferente ao outro. Então você não ama aquela pessoa.
O ódio, na condição de amor em desequilíbrio exige o perdão. Quando perdoamos a pessoa que odiamos (e a odiamos porque nos fez alguma ofensa), voltamos a reequilibrar o amor. É o que acontece com alguns casais vivendo o drama do adultério.
Se entendermos o amor como Divaldo explicou, entenderemos que todos os que amamos tem o direito de procurar seu próprio caminho. De tomar suas próprias decisões mesmo quando tudo isso vem contra os nossos interesses. E se aceitamos isso, é porque de fato os amamos.
Isso não significa que ficaremos felizes. Ficaremos tristes, sim, mas torcendo para que sejam felizes.
Geralmente nossos filhos tomam decisões que não gostamos, não aceitamos e os forçamos a mudar de ideia, para fazerem o que nós (mais experientes) sabemos ser o certo. Com isso podamos nossos filhos de sua liberdade de escolha. Existe uma diferença muito grande em ajudar e aconselhar, de proibir, exigir, obrigar.... Se você não respeita e não acata a decisão de seus filhos (exceto quando ainda não tem capacidade intelectual para isso, como as crianças) é porque você não os ama. Quem ama liberta, não prende nem exige.
Nunca podemos deixar de auxiliar, aconselhar, de orientar e dar boas opiniões para quem amamos, mas sem impedir o poder de escolha. E aceita-la.
E quando o ser amado escolhe algo que nos contraria, o que podemos fazer de melhor é estarmos prontos para os socorrer quando precisarem, e se precisarem.
Difícil, não?
E o amor aos inimigos?
"Nem pensar!"
Mas temos que pensar sim, porque um outro problema em torno do amor é que achamos que quem ama, confia. Confiança e amor devem andar juntos. Mas não é verdade.
O caso do amor aos inimigos é bem claro. Não podemos trata-los como se trata um amigo de confiança. Isso seria inocência e imprudência. Não podemos confiar em alguém que já nos prejudicou, nos fez mal. Quem fez isso uma vez pode fazer outra.
Então, devemos ama-los não lhes desejando mal e até mesmo nos felicitando com seu sucesso. Podemos orar por eles; não buscar a vingança; torcer para que obtenham o sucesso; não desperdiçar uma oportunidade de reconciliação quando nos procurarem; sem nos aproximarmos. A confiança não é algo que se dá ou que se ganha; é algo que se constrói com o tempo.
Para finalizar, um amigo me disse recentemente que seus filhos não lhe devem nada pelo que ele fez por eles. Pelas noites perdidas; pelos dias estafantes de trabalho para os sustentar; pelo pouco descanso; pelos sacrifícios feitos para pagar os ensinos. Não.... Não lhe devem nada! Isto porque tudo o que fez pelos filhos fez simplesmente pelo prazer de fazer. Tudo aquilo lhe dava prazer e satisfação. Fazia com alegria, e os ajudou em suas escolhas. Sua felicidade em os ajudar era o pagamento mais que merecido pelo seu esforço. É um homem feliz e em paz!
Um detalhe: este meu amigo não gosta de religião alguma. Odeia todas elas.... E faz assim a sua vida!
E nós, "religiosos", sabemos amar como o Cristo nos ensinou?
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